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ESSA É A NOSSA RUA

  • Foto do escritor: robertaninaverdi
    robertaninaverdi
  • 26 de fev. de 2019
  • 4 min de leitura

Comunidade Lauro Vieira Chaves - Fortaleza

CIDADES, Comunidades e Territórios



ESSA É NOSSA RUA:


O design social em iniciativas interdisciplinares de pesquisa e extensão.


1.O Espaço Nosso de Cada Dia


“O direito à cidade se manifesta como forma superior dos direitos: direito à liberdade, à individualização na socialização, ao habitat e ao habitar. O direito à obra (à atividade participante) e o direito à apropriação (bem distinto do direito à propriedade) estão implicados no direito à cidade.” (Lefebvre, 2001: 134)


As metrópoles contemporâneas graduadamente enquadram-se na qualidade de produtos. O planeamento urbano que redesenha essas cidades tem como objetivo inseri-las na atual competição globalizada para a atração de turistas e grandes investimentos corporativos. Para isso, é priorizada a fabricação de uma imagem atraente da cidade, em detrimento de necessidades básicas de seus cidadãos. Nesse contexto, o direito à cidade, entendido como necessidade social básica, é sobreposto por intenções comprometidas politicamente com interesses económicos.


Fortaleza encaixa-se nesse contexto à medida que os últimos anos foram de intensas transformações na cidade com o objetivo de prepará-la para a Copa do Mundo 2014. Diversas obras de infraestrutura foram planejadas sob o pretexto de garantir o bom funcionamento do evento e desenvolver a imagem mercantilizada da metrópole, enquanto as demandas básicas da população foram deixadas de lado. Assim, os moradores da cidade passam a ser coadjuvantes de um planeamento em que o foco se volta para intervenções pontuais e visitantes esporádicos.


“Nace así una ciudad invisible vivida en su quintaesencia icónica más que en su realidad, carente de auténticos momentos de vida colectiva, confinada en formas vicarias dentro de la red de los acontecimientos mediáticos. En semejante contexto metropolitano, tal y como ha escrito Massimo Ilardi, los ciudadanos pierden su ciudadanía que es, en sustancia, un hecho de naturaleza exquisitamente política, además del efecto de una representación, al mismo tiempo autónoma y colectiva, en la ciudad.” (Purini, 1999: 61)


Como afirma Purini, esse tipo de planeamento prejudica a vida urbana coletiva e contribui para uma perda da cidadania e alienação com o espaço público e com as relações sociais dependentes dele. No entanto, a contraposição a esse tipo de cidades-mercadorias e da alienação podem ser encontradas em certas localidades da cidade existente. São lugares onde os espaços públicos permanecem com sua qualidade de encontro e convívio, onde há a possibilidade dos contactos casuais e a compreensão da identidade coletiva dos habitantes, no desenvolvimento dos fatores de confiança e respeito. Esses fatores são os responsáveis pela função da rua de agregar ao quotidiano uma vida pública informal de um modo que seja capaz de se sobrepor à formalidade hegemónica e da crescente privacidade do espaço. Jane Jacobs (2000) aponta essa função como um dos requisitos para que a rua seja articuladora de usos e por consequência elemento imprescindível para a vida das cidades (Abraão, 2008).



Encontrei este texto durante a minha pesquisa de Social Design, faz parte da introdução de um artigo escrito por estudantes da Universidade Federal do Ceará em 2014 chamado Essa é a nossa rua: O design social em iniciativas interdisciplinares de pesquisa e extensão.


“Este artigo tem como objetivo apresentar um processo de pesquisa e extensão que envolve a Universidade Federal do Ceará e a comunidade Lauro Vieira Chaves, de Fortaleza. Ameaçada de remoção de cerca de quatrocentas famílias devido a obras de mobilidade urbana em Fortaleza, uma das sedes da Copa do Mundo, a comunidade buscou a universidade para a regularização fundiária. Desse encontro nasce o projeto "Se essa rua fosse nossa", com ações de arte e resistência urbana para dar visibilidade ao local e reivindicar sua permanência. Durante o processo de realização deste projeto a universidade se envolveu com outras demandas da comunidade, como fortalecer o sentido de resistência, identidade e territorialidade.


Como um dos resultados, houve um desvio da rota do Veículo Leve sobre Trilhos e apenas 66 famílias foram removidas para uma localidade próxima. Como continuidade, está em andamento o projeto de uma publicação de interesse social intitulada “Nossa Rua”. Três parâmetros guiam o projeto: o conteúdo, a linguagem e a distribuição. O conteúdo aborda todo processo que envolveu a comunidade e a universidade. A linguagem busca ser uma ligação direta, sensível e útil entre o processo vivenciado e outras comunidades que enfrentam situações semelhantes. A distribuição pretende ser de acesso livre virtualmente, para abranger o seu público alvo específico e não limitar seu alcance. Dessa forma, design social, design gráfico, arte urbana e urbanismo se integram em repercussões visuais, individuais e comunitárias, por possibilitar o entendimento, na prática, da responsabilidade e importância de ações participativas”



Este texto enquadra-se na minha pesquisa para este projeto porque trata de assuntos como cidadania, comunidade e à sobreposição de interesses políticos com intenções económicas às necessidades básicas dos cidadãos.


No planeamento de uma cidade os principais fatores levados em consideração são: educação, mobilidade urbana, saúde, emprego, infraestrutura, moradia e segurança. Também é necessário que o planeador pense no coletivo e concilie todas essas idealizações em uma única cidade que deixe a maior parte dos habitantes satisfeitos.


O Social Design não está realmente presente neste artigo, mas pode ser encontrado nas soluções para este problema, e é exatamente este tipo de situações em que o Social Design pode ser implementado para ajudar a entender as necessidades dos habitantes e tentar, através do design encontrar respostas.

Também o facto dos habitantes procurarem a universidade para os ajudar é um exemplo que demonstra o poder que um universitário tem, o que é o mais habitual é o estudante ter a iniciativa que é exatamente o objetivo deste projeto.


Ao sermos designers ativistas, teremos iniciativa para melhorar ou facilitar algum grupo de pessoas que precisam, isto, através do design.


Para mais informação aceda:

Comunidade Lauro Vieira Chaves: https://comunidadelvc.wordpress.com/

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